quarta-feira, 9 de dezembro de 2009


Semanas atras, lembrei de uma colega que estudou comigo. Ela comentou uma vez, de passagem, que quando estava se sentindo para baixo, gostava de passar diante de um canteiro de obras. Colocava um shortinho bem curto e mostrava suas pernas grossas. Os peões diziam coisas que a faziam sentir-se bonita. Nunca esqueci esse comentário. Outra coisa de que eu me lembro é ouvi-la contando, chocada, que estava parada num ponto de ônibus cheio de gente quando um sujeito gritou, de dentro de um carro, quanto que estava o programa. Igualando ela uma prostituta. Chegando ao trabalho chorando de humilhação.
De qualquer forma, acho que galanteadores e agressores se parecem: cada um deles, a sua maneira, acha que tem o direito de dizer o que pensa a uma mulher estranha. Pode ser um elogio físico ou uma grosseria sexual, não importa.

Esse assédio sobre as mulheres acontece à luz do dia, na porta do trabalho, na travessia de pedestres, dentro do ônibus. Às vezes o tom de voz do sujeito ou as coisas que nós dizemos amedrontam. Nas baladas pode ser pior: o garanhão chega apertando o braço da moça, mexendo no cabelo, forçando a barra. Não aceita não como resposta. Mas quem deu licença a ele para dizer coisas e tocar o corpo de uma mulher desconhecida?

Claro, todo comportamento social tem uma justificativa. Neste caso, a justificativa é a de que as mulheres gostam. Se você perguntar, vai ouvir dos conquistadores que, lá no fundo, elas querem ser assediadas, agarradas, elogiadas com bastante pimenta. Faz bem para o ego delas, explicam. Claro, por trás de todo grosseirão há sempre um especialista na alma feminina. E acredito que eles não estão errados.

Um comentário:

  1. "...E acredito que eles não estão errados." - eu diria que nem estão certos... Não é porque algumas mulheres gostam e querem ser assediadas que elas gostam e querem que qualquer um o faça.
    :D

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