quarta-feira, 18 de agosto de 2010



Eu não tenho tatuagens. Na minha geração já é moda. Eu não consegui embarcar. Talvez uma questão de medo da dor e por meus pais proibirem na epoca. Tenho dificuldade em responder às duas perguntas básicas que antecedem a tatuagem: onde tatuar e o quê tatuar. Imagino que essas dúvidas expressem uma resistência mais profunda. Tatuagens são para sempre e eu tenho dificuldade com o que é irremovível.

No meu grupo de amigos as tatuagens se multiplicam. Estão na faixa de 20 a 40 anos de idade. E nas mulheres eu acho linda as tatuagens. Ficam mais sedutoras. Em geral, tem tatauagem na nuca, panturrilha, virilia, ombro e por diversas partes do corpo. Os temas das tatuagens também são parecidos, o que faz com que as pessoas fiquem mais ou menos iguais. Homens e mulheres.
Teve um tempo que a tatuagem mostrava uma forma de rebeldia ou de erotismo.


Em relação ao erotismo, vi este fim de semana as fotos da Cléo Pires sem roupa e fiquei com a impressão de exagero. Continuava linda, mas, de alguma forma, aquele monte de desenhos desviava a atenção do essencial. Acho engraçado aquelas pesssoas que tem tatuadas no corpo: - Luas, estrelas, fadas, lírios, beija-flores, tribais... Parece uma feira hippie. Transformando o corpo num perfeito outdoor. Eu acho a onda das tatuagens mais uma expressão da nossa dificuldade cada vez maior em tratar com o abstrato. Vai alem das aparencias. Frases curtas, imagens marcantes, cores. A complicada troca de ideias. Carrego todos os meus símbolos comigo e os revelo de uma só vez, exibindo o braço em que uma imagem a personalidade de cada pessoa.

Como virou moda e todo mundo usa, alguém pode dizer que a tatuagem tornou-se simbolicamente inofensiva. Ela passa, como outras rebeldias visuais da adolescência ou modismos de décadas passadas. Os piercings que a garotada usava na sobrancelha e no umbigo sumiram, embora tenham ficado os buraquinhos. Cabelos esverdeados, tranças rastafári. Isso tudo vai embora quando o dono cansa. A tatuagem não. Ela fica. O corpo muda, as ideias se transformam, mas a aquele desenho permanece, na contramão da natureza.

Imagine a sua mãe até hoje com o cabelo que ela usava nos anos 80. A tatuagem é colado na pele, a lembrança de algo que você já foi, deixou de ser, mas continua sinalizando, como uma placa de trânsito que esqueceram de arrancar e que agora indica a direção errada.
Talvez eu esteja exagerando, mas sempre penso nas pessoas que escrevem na pele o nome daqueles que amam. O que acontece com elas? O sujeito vai embora, viver com outra, mas a ex tem o nome dele escrito na nuca. O rapaz levou um pé na bunda, o noivado acabou, mas ele fica com o nome da Fulana escrito no braço.
Tatuar é bonito. Legal. Apesar de tatuar a pele, também tatua a alma.

Um comentário:

  1. Oi Léo concordo com vc plenamente tatuagem fica no corpo e na alma.Fiz as minhas sem pensar mais em lugares estrategicos que eu msm esqueço que tenho,exponho elas se eu quizer!tem que ser penssado imagina eu com 60 anos e tatuagem enorme nas costas ou na perna.Orrivel!È bonito mais imortal!
    Vlw abraços!!

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